quinta-feira, 30 de março de 2017

O Mar Também É História

Por: Alynne Almeida Affonso


Ilustração: Silvia Gonsales
É muito comum encontrarmos a oceanografia dividida em quatro grandes áreas: Física, Química, Geológica e Biológica. Essa abordagem pode ser bastante pertinente quando consideramos metodologias práticas e eficientes para estudar ciências complexas, como a Oceanografia. Segmentar o saber facilita ainda a produção de conhecimento, a pesquisa e o ensino, já que é uma forma de classificar e organizar grandes volumes de informação.
No entanto, fica o questionamento: será que tudo o que se refere às Ciências do Mar se enquadra nessa divisão em quatro grandes áreas? Sendo a Oceanografia uma ciência bastante multi e interdisciplinar, é quase natural supor que muitos assuntos relacionados aos oceanos acabem ficando à margem dessa divisão clássica. É o caso da Oceanografia Humana. Não é muito comum pensarmos nas Ciências do Mar como uma ciência humana, mas os mares e oceanos têm, sim, uma componente significativa nas ciências sociais. O que faz bastante sentido se pararmos para pensar na zona costeira e na influência que o mar exerce e já exerceu na sociedade.
Nem sempre a pesquisa em Oceanografia Humana é classificada como Oceanografia propriamente dita, e isso se deve, possivelmente, à melhor adequação de muitos temas estudados na oceanografia como “ciências duras” (ou, em inglês, hard sciences) – ou seja, rígida em suas fundamentações teóricas e em sua capacidade preditiva. As ciências duras seguem à risca o que, em ciência, se conhece como Método Científico, que é a coleção e observação de dados quantificáveis, aplicação de modelos matemáticos e uso de experimentos controlados, produzindo resultados com grande grau de acurácia. Já as ciências humanas e sociais são classificadas como “ciências moles” (sei que o nome é esquisito, mas vem do inglês soft sciences), preocupadas em investigar o comportamento humano e da sociedade. Estes assuntos podem ser bastante subjetivos, baseados em interações complexas que não se encaixam na abordagem de estudo prevista pelo Método Científico, já que se torna muito difícil estabelecer um critério de análise tão sólido para temas tão abstratos.
As ciências sociais podem cruzar o caminho das ciências do mar de muitas formas. A pesquisa na interface entre oceanografia e ciências humanas está bastante focada na compreensão da dinâmica entre as comunidades costeiras e o meio ambiente, uso dos recursos costeiros, uso e ocupação do território costeiro, conflitos ambientais e valoração. Mas, será que alguém se preocupa em estudar o mar em sua componente histórica? Afinal, História é uma das bases das ciências humanas e sociais. O passado, afinal, é a chave para o presente.
E a resposta é: SIM! Existe uma ciência toda dedicada ao tema. A História Ambiental é uma disciplina relativamente recente, é verdade, que surgiu nos Estados Unidos durante a onda ambientalista dos anos 60 e 70, e é definida por OOSTHOEK (2005) como “o estudo da interação entre humanos e o meio ambiente no passado. A história ambiental estuda as relações entre humanos e ambiente ao redor, procurando compreender como a interação entre ambos funciona”. A História Ambiental esmiúça o papel da natureza na influência das atividades humanas e em como os humanos moldam o meio ambiente ao longo do tempo.
As Zonas Costeiras são suscetíveis a mudanças bruscas e rápidas na sua configuração, induzidas tanto por processos naturais como por pressão antrópica – inclusive, para muitas zonas costeiras ao redor do mundo, a componente humana é a principal forma de alteração do espaço costeiro. O conhecimento histórico, através de uma leitura das questões da natureza, permite verificar a percepção histórica das mudanças ambientais. É possível assimilar as relações entre espécie humana e fatores naturais e investigar as interações entre cultura, natureza e interações entre homem e zona costeira no passado e através do tempo humano. Entender o passado é essencial para modelar e prever o futuro, e aí reside a grande importância da história ambiental.
A interpretação histórica das questões ambientais permite a conexão entre geografia física, topografia, geomorfologia costeira a fatores climáticos, oceanográficos e biológicos, aliados a uma perspectiva política, econômica e sociológica. No entanto, é importante analisar as interpretações das ações humanas no mundo natural no passado às mudanças associadas a estes fenômenos com bastante cuidado, porque os problemas que ocorrem no presente podem influenciar a nossa percepção do passado e como interpretamos os acontecimentos pretéritos.
A História Ambiental, no entanto, é muito mais que apenas apontar as interações danosas entre sociedade e natureza. Ela trata de interpretações históricas de problemas ambientais, incorporando mudanças que se apoiam na pluraridade das dimensões naturais e culturais relativas às atividades humanas e às diversas formas de percepção do ambiente e sua relação com a vida em sociedade.
Uma forma muito eficiente e que tem sido aplicada com bastante frequência para o estudo da História Ambiental é o uso do Sistema de Informações Geográficas (SIG, ou GIS em inglês). O HGIS (ou Historical Geographical Information System do inglês, algo como Sistema de Informações Geográficas Histórico) é uma ferramenta eficiente porque o uso de mapas históricos georreferenciados (ou seja, associados à informações espaciais como coordenadas geográficas) e digitalizados é uma forma visual, qualitativa e quantitativa de observar mudanças ambientais ao longo do tempo, e amplamente utilizada pelos pesquisadores da História Ambiental (Figura 1). Através do HGIS é possível também armazenar, exibir e analisar dados do passado relativos ao meio ambiente e correlacionar os dados espaciais históricos com informações quantitativas como censos e pesquisas sociais realizadas por prefeituras, órgãos públicos e universidades (Figura 2). Essas informações permitem, além da reconstrução de ambientes pretéritos, a observação de mudanças dos parâmetros ao longo do tempo.  
Figura 1: Um exemplo de mapa histórico digitalizado e inserido num Sistema de Informações Geográficas Histórico (HGIS). Retirado de RUMSEY & WILLIANS (2002).

Figura 2: Mapa histórico digitalizado e, a este, adicionado pontos com informações quantitativas não visuais (em forma de tabela) através do HGIS. Retirado de RUMSEY & WILLIANS (2002).

É o que autores como DONAHUE (2007), CUNFER (2006), TUCCI (2010) fizeram, para citar apenas alguns. DONAHUE e CUNFER usaram mapeamentos históricos e estatísticas de uso do solo para avaliar as condições ambientais e alterações de longo prazo na paisagem induzidas por atividades de agricultura no território norte-americano. Já TUCCI, através da análise de mapas históricos de Milão, acompanhou mudanças na paisagem urbana e nos parâmetros sócio-econômicos, representativos de períodos históricos específicos, e comparou com as características atuais a fim de detectar padrões de evolução da malha urbana ao longo do tempo. Alguns autores como DeBOER & CARR (1969), CHARDON (1982), CLUTTON (1982), LLOYD et al. (1987), HESSLER (2005), além da jovem pesquisadora que aqui vos escreve, escolhemos a zona costeira como alvo dos estudos em História Ambiental. Estes autores reconstruíram, através de mapas históricos e estatísticas, as zonas costeiras alvo de seus estudos e compararam com mapas e índices atuais, a fim de acompanhar a evolução da paisagem e do comportamento do homem em relação ao ambiente (Figura 3).
Figura 3: Linhas de costa de diferentes períodos históricos, digitalizadas em HGIS e comparadas com uma linha de costa atual. Retirado de LLOYD & GILMARTIN (1987).

Existem muitos métodos para se efetuar as análises temporais dos ambientes pretéritos, que em geral, são bastante complexos. Dificilmente um autor repete a metodologia de outro passo a passo, já que as peculiaridades das áreas de estudo e objetivos da pesquisa fazem com que os pesquisadores tenham que adaptar as metodologias às suas realidades. Em minha pesquisa de mestrado, por exemplo, eu avaliei as mudanças na paisagem da Baixada Santista ao longo de 4 séculos. Desenvolvi minha própria metodologia de análise, uma vez que a maioria dos autores que eu pesquisei, por serem de fora do Brasil, não ofereciam soluções que eu pudesse aproveitar integralmente. Adaptei técnicas de muitos autores para, no fim, desenvolver algo que funcionasse para o litoral de São Paulo e para o que eu buscava compreender.
E esse é o tema do meu próximo artigo para o Bate Papo com Netuno! Vou explicar como se faz essa análise histórica usando mapas antigos, as curiosidades e peculiaridades da cartografia histórica, e mostrar o que eu encontrei para a região de Santos, litoral de São Paulo. Aguardem!

Referências
CHARDON, R. 1982. A Best-fit Evaluation of DeBrahm's 1770 Chart of Biscayne Bay. The American Cartographer. 1982, Vol. 9, pp. 47-67.
CLUTTON, E. 1982. Some Seventeenth Century Images of Crete: A Comparative Analysis of the Manuscript Maps by Francesco Basilicata and the Printed Maps by Marco Boschini. Imago Mundi. 1982, Vol. 34, pp. 48-65.
CUNFER, G. 2006. On the Great Plains: Agriculture and Environment. Environmental History. 1, 2006, Vol. 11, pp. 142-144.
DeBOER, G. e CARR, A. P. 1969. Early Maps as Historical Evidence for Coastal Change. Geographical Journal. 1969, Vol. 135, pp. 17-39.
DONAHUE, B. 2007. The Great Meadow: Farmers and the Land Colonial Concord. Yale : Yale Publisher Press, 2007.
HESSLER, J. 2005. Warping Waldseemüller: A Cartometric Study of the Coast of South America as Portrayed on the 1507 World Map. MAGERT Ala Map and Geography Roundtable. [Online] 2005. http://purl.oclc.org/coordinates/a4.pdf accessed in 01/06/2016.
LLOYD, R. e GILMARTIN, P. 1987. The South Carolina Coastline on Historical Maps: A Cartometric Analysis. The Carographic Journal. 1, 1987, Vol. 24, pp. 19-26.
OOSTHOEK, K.J. 2005. What is Environmental History? ENVIRONMENTAL HISTORY RESOURCES. [Online] 03 de January de 2005. [Citado em: 17 de 05 de 2016.] https://www.eh-resources.org/what-is-environmental-history/.
RUMSEY, D., WILLIAMS, M. 2002. Historical Maps in GIS in Past Time, Past Place: GIS for History. Ed KNOWLES, A.K. ESRI Press, pp.2-18.
TUCCI, M., GIORDANO, A. e RONZA, R. W. 2010. Using Spatial Analysis and Geovisualization to Reveal Urban Changes: Milan, Italy, 1737-2005. Cartographica. 1, 2010, Vol. 45, pp. 47-63.

Sobre a autora :
Alynne Almeida Affonso, 32 anos, Oceanógrafa pelo IOUSP e mestra em Sistemas de Informação Geográficas e Sensoriamento Remoto pela University College Cork (Irlanda). Depois de muito estudar oceanografia geológica, sedimentação marinha, sistemas e processos costeiros, manejo costeiro e aprender a fazer todo tipo de mapas e interpretar imagens de satélite, vive numa busca eterna por uma carreira na interface entre ciências exatas, humanas e sustentabilidade.

quinta-feira, 23 de março de 2017

6 parques brasileiros que ajudam a proteger o bioma marinho


Por: Duda Menegassi

Publicação original em Wikiparques

Para inspirar a missão de proteger a biodiversidade marinha, o Wikiparques fez uma lista com algumas unidades de conservação que atuam na proteção desse bioma.
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Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Bruno Melo.

Não são só os ambientes terrestres que precisam de proteção. A maior parte da biodiversidade, da vida, da Terra está, paradoxalmente, nos oceanos que cobrem 71% de sua superfície.  E o  Brasil, com cerca de 3,5 milhões de km² de litoral, por muito tempo deixou de lado a proteção dos mares e suas respectivas zonas costeiras.
Em 2010, durante a 10ª Conferência das Partes -COP 10, em Nagoya, Japão, o Brasil assumiu o compromisso de proteger pelo menos 10% das suas áreas costeiras e marinhas até 2020. Apesar ser o país que mais criou áreas de conservação nos últimos anos, sua região marinha ainda é a menos protegida. Estamos a apenas quatro anos do prazo final, e precisamos correr muito para cumprir a meta.
O Wikiparques fez uma lista com bons exemplos nacionais de algumas áreas protegidas existentes que ajudam a conservar o bioma marinho e costeiro. Confira:


Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE)


Nascimento das Tartarugas, praia do Boldró. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Sabrina S. Saito
Nascimento das Tartarugas, Praia do Boldró. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Sabrina S. Saito

Fernando de Noronha talvez seja um dos destinos mais famosos do Brasil, mas cabe lembrar que a maior parte da ilha é um importante parque nacional, criado em 1987 para ajudar a preservar o bioma marinho. Além da ilha principal, o território do parque se estende também às 21 ilhas secundárias que compõem o arquipélago de Noronha. Lar e berçário de espécies ameaçadas de extinção, de paisagens com praias de areia branca e águas cristalinas, o Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha é considerado um importante santuário na proteção dos frágeis ecossistemas marinhos. O acesso à ilha é feito apenas por barco e avião, dentro do limite estabelecido de visitantes por dia.


Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA)


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Baleias Jubartes são personagens comuns no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: Izabel Reigada

Localizado no litoral sul da Bahia, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos abrange cinco ilhas e uma área de 91.255 hectares. Criado em 1983,Abrolhos foi a primeira unidade de conservação marinha do Brasil e até hoje permanece como um dos refúgios mais importantes de proteção do ecossistema. Além de abrigar recifes e bancos de corais, e ser ponto de apoio para aves migratórias, o parque também protege importantes berçários das baleias Jubarte, que podem ser avistadas na região de julho a novembro. O acesso ao arquipélago é feito somente de barcos que saem de Caravelas (BA). O desembarque é permitido apenas na ilha de Siriba.


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Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais. Foto: Robin H. Loose

Criado em 2013, o Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais foi o primeiro parque marinho do Paraná. Seu território corresponde a três pequenas ilhas sem praias que ajudam a proteger quatro grandes recifes.O parque também protege  o mero (Epinephelus itajara), espécie de peixe criticamente ameaçada de extinção. Um dos únicos lugares disponíveis para o mergulho no litoral paranaense, o acesso ao parque pode ser realizado apenas por via marítima.


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Nascer do sol no Parque Nacional Superagui. Foto: Rubens Franco Mittag

Localizado no encontro do continente com o oceano, o Parque Nacional do Superagui corresponde a uma área de aproximadamente 34.000 hectares do litoral norte do Paraná. A Unidade de Conservação, criada em 1989, é considerada uma importante área de conservação do bioma marinho costeiro, e foi declarada Sítio do Patrimônio Natural pela UNESCO. O parque abriga 38 quilômetros de praias virgens e protege áreas como a Baía do rio das Peças, um local com alta concentração de botos. O acesso é possível de barco e de carro, porém a estrada está em más condições e o roteiro mais indicado é o acesso pela via marítima.


Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha (PB)



Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha. Foto: Cleide Isabel

Um dos poucos parques estaduais marinhos que existem hoje no Brasil, o Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha é um ponto turístico conhecido na Paraíba. O destino foi transformado em Unidade de Conservação em 2000, com 230 hectares de extensão. O parque é uma área rica em corais, mas hoje grande parte encontra-se destruída como consequência de anos de turismo desordenado e falta de fiscalização. Para mudar isso, entretanto, novas regras de visitação e controle do parque foram implementadas pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema). O acesso ao parque é possível apenas de barco.



A APA das Reentrâncias Maranhenses, com impressionantes 2.631.260 hectares de extensão, abrange 16 municípios litorâneos do Estado. Seu território protege uma parcela significativa do litoral maranhense e dos ecossistemas estuarinos, onde o mar encontra o rio. A APA também representa uma importante zona de manguezais e de restinga. Criada em 1991, a Unidade de Conservação é habitat de diversas espécies de peixes, aves migratórias e do peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), mamífero considerado vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza),


Gostou da nossa lista? Deixe sua opinião nos comentários se você sentiu falta de alguma Unidade de Conservação marinha que você conhece!

Sobre a autora:

Duda Menegassi é repórter do site de notícias ambientais ((o)) eco. Apaixonada por trilhas, parques e natureza, integra também a equipe do Wikiparques, plataforma de informação dedicada às Unidades de Conservação.

quinta-feira, 9 de março de 2017

O que são marés e como ocorrem?

Por Gabrielle Souza

Sempre que queremos ir à praia procuramos saber o horário em que a maré vai estar baixa ou alta não é mesmo? Mas você sabe como isso ocorre?


A maré consiste em um fenômeno de descida e subida das águas do mar por meio da força gravitacional, que é o resultado da atração entre o Sol e a Lua exercida sobre a Terra. Apesar do Sol possuir mais massa, a Lua está bem mais próxima da Terra, tendo assim o dobro de influência sobre os oceanos.

A Lua, como qualquer outro objeto, pode atrair corpos em sua direção por meio das forças gravitacionais. Lembrando um pouco das aulas de física: sabemos que dois corpos se atraem, e que esta atração é proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que separa esses corpos, tomando a distância entre o centro de gravidade dos corpos... Mas calma!!! Não é sobre física que vamos falar, mas para que você entenda como os oceanos são atraídos pela Lua precisa relembrar este conceito.

Agora vamos lá! A Lua exerce uma força de atração sobre a Terra, sendo esta atração mais perceptível nos oceanos pois, se tratando de um líquido,  flui livremente. A relação da Lua com as marés pode ser entendida de forma muito simples. As águas, por fluírem de forma mais livre, são mais suscetíveis à atração da Lua. A Lua irá exercer maior atração no ponto da Terra do qual estiver mais próxima. Essa atração forma uma espécie de “bojo de água” no ponto mais próximo à Lua, caracterizando assim maré alta (vide desenho abaixo). Já o segundo bojo observado na figura (o que parece estar sendo atraído pelo Sol) é um pouco mais complicado de explicar. Ele decorre da variação do centro de gravidade do sistema Terra-Lua, que acompanha o movimento da Lua ao redor da Terra. É como se tivéssemos água numa bacia e começássemos a rodar a bacia num movimento circular regular. Esse movimento iria produzir uma "ondinha" que giraria pela bacia apoiada em suas bordas. 

    Aproximadamente seis horas depois a Terra terá feito o seu movimento normal de rotação e este ponto inicial estará agora à 90º da Lua, caracterizando maré baixa. Com isso após aproximadamente 12 horas e 25 minutos a rotação da Terra faz com que o mesmo ponto passe por outra maré alta. Ou seja, ao longo de um dia ocorrem duas marés altas e duas baixas em um mesmo ponto.



Maré baixa versus Maré alta


As fases da Lua, por sua vez, influenciam o volume das águas que se movimentam com as mudanças de marés. Quando o Sol, a Lua e a Terra estão alinhados (ou seja, nas Luas cheia e nova), ocorre  a chamada maré de sizígia ou viva, e assim percebemos maiores variações no nível do mar entre a maré baixa e alta de uma localidade. Por outro lado, durante as Luas minguante e crescente, quando o Sol, Terra e Lua formam um ângulo de 90º, ocorre a  maré de quadratura ou maré morta, ou seja, a diferença do nível do mar entre a maré alta e baixa terá uma menor amplitude.





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Referências

OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; SARAIVA, Maria de Fátima Oliveira. Marés. 2008. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/fordif/node3.htm>. Acesso em: 06 jan. 2017.

MESQUITA, João Lara. Lua cheia, maré cheia. A Lua e os Oceanos, um caso de atração. 2015. Disponível em: <http://marsemfim.com.br/a-lua-e-os-oceanos/>. Acesso em: 06 jan. 2017.

TIPOS DE MARÉS: PREIA-MAR E BAIXA-MAR; MARÉS VIVAS E MARÉS MORTAS. Disponível em: <http://www.tabuademares.com/mares/tipos-mares>. Acesso em: 06 jan. 2017.

OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; SARAIVA, Maria de Fátima Oliveira. Comparação das marés produzidas na Terra pela Lua e pelo Sol. 2008. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/fordif/node5.htm>. Acesso em: 06 jan. 2017.

MARÉS. Disponível em: <http://www.iag.usp.br/siae98/fenomastro/mares.htm>. Acesso em: 06 jan. 2017.